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Muito Além do Cidadão Kane – documentário produzido pela BBC de Londres foi proibido no Brasil em 1993, por decisão judicial. Nele é retratado a relação estreita entre o senhor Roberto Marinho e o regime militar. Mostra o monopólio conquistado graças a essa relação. O senhor Roberto Marinho não queria que fosse vista e nem contada. Ele usou de seu poder para censurar. O monopólio da Rede Globo de Televisão é descrito com primazia no documentário. Mostra a manipulação dos debate entre Collor e Lula que influenciaram a eleição de 1989; de censura a artistas como Chico Buarque que por muitos anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora.
Vale a pena ver.
Uma pergunta: Será que a Globo vai tentar censurar mais uma vez a exibição do documentário?
Benildes
Embora só tenha fechado o negócio nesta semana, a Record já havia tentado adquirir os direitos de exibição para TV brasileira nos anos 90. Segundo a Folha Online, o material saiu por menos de US$ 20 mil para a emissora do bispo Edir Macedo.
Desde a semana passada — quando Globo e Record começaram a se atracar em rede nacional —, o nome da produção voltou à baila. A Record já vinha veiculando trechos do documentário em seus telejornais noturnos antes da aquisição. O filme chegou a ser citado, por exemplo, no Repórter Record de domingo (16).
No entanto, quase tudo o que se diz sobre Muito Além do Cidadão Kane — de sua suposta proibição à autoria do trabalho — é equivocado. O documentário mostra o empresário Roberto Marinho (1904-2003) como ícone da concentração da mídia no Brasil — daí a referência a Charles Foster Kane, magnata das comunicações vivido pelo cineasta Orson Welles em Cidadão Kane (1941).
Simon Hartog, diretor da obra, morreu em 1992, antes de o trabalho ser exibido. Seu produtor e braço-direito era John Ellis, que se tornou a partir daí o responsável pelo projeto. Ellis deteve, até o começo desta semana, o direito de exibição do filme em TV aberta no Brasil, agora na mão da Record.
Mesmo legendado de forma capenga, o documentário circulava em VHS e se transformou num "hit" no país — antes de a internet ser o que é hoje. Custou cerca de US$ 260 mil (cerca de R$ 445 mil) à extinta empresa Large Door, na qual Hartog e Ellis eram sócios.
A produtora independente fez o longa para o canal britânico Channel 4, responsável por sua transmissão. Diferentemente do que a própria Record insiste em divulgar, a BBC nunca teve ligação nenhuma com a produção. Curiosidade: uma das maiores audiências do Channel 4 é o Big Brother, também carro-chefe da Globo.
Bastidores
Em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada em fevereiro do ano passado, Ellis revelou que tanto Globo quanto Record tentaram comprar os direitos do filme nos anos 90 — a primeira para engavetá-lo, a segunda pare exibi-lo. Ainda segundo Ellis, o título nunca foi proibido ou embargado pela Justiça brasileira.
"A igreja (Universal do Reino de Deus) já tinha uma filial em Londres naquela época(começo dos anos 90). Mas percebeu que haveria uma disputa judicial com a TV Globo a respeito das muitas imagens retiradas da programação deles. Então decidiu não comprá-lo", relatou o produtor. Agora, a Record pode se concentrar em exibir os trechos "autorais" do filme — ou seja, limar as imagens da TV Globo e focar nos relatos e entrevistas.
Políticos como Leonel Brizola (1922-2004), Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) e Luiz Inácio Lula da Silva — apresentado então como líder sindical — falam sobre a emissora carioca no filme. “Nada se faz (no Brasil) sem consultar o dr. Roberto Marinho. É assustador", acusa o cantor e compositor Chico Buarque, no início da fita.
Da Redação, com informações da Folha Online
http://www.vermelho.org.br/
+++ Não notei o primeiro nome de ambos. Não faz diferença. Pertencem, ambos, a famílias “de bem” do Brasil. Nenhum dos dois corou ao discursar. http://www.vermelho.org.br/Azenha ataca a Globo: os Marinho são “fiadores da harmonia”?
Outro dia vi no Jornal Nacional um dos herdeiros de Roberto Marinho, com aquele ar de compungido dos todo-poderosos-mas-não-é-
Por Luiz Carlos Azenha, no Vi o Mundo
Marinho e democracia. Quem é que suporta ver essas duas palavras juntas? Não foi o patriarca um dos grandes açuladores do golpe de 1964? Não fez isso por escrito? Dado o golpe, não foi Marinho o maior beneficiário civil do regime que estuprou a democracia? O que fez a ANJ em defesa de Lúcio Flávio Pinto, um dos melhores repórteres do Brasil, que é atacado por oligarcas regionais que sustentam o império dos Marinho?
Não foram os Marinho que promoveram o padre Marcelo Rossi, uma versão anódina e mauricinha do catolicismo, que afasta as massas de frases e palavras perigosas como “oprimidos”, “comunidades eclesiais de base” e “teologia da libertação”? Não fizeram isso por motivos políticos e econômicos usando uma concessão de TV?
Não foram os Marinho que instalaram Antonio Carlos Magalhães no Ministério das Comunicações durante o governo de José Sarney — antes que os Marinho descobrissem que Sarney é Sarney —, promovendo a distribuição ampla, geral e irrestrita de concessões responsável pela ampliação do mandato de Sarney para cinco anos? Não foram os Marinho, portanto, fiadores desse modelo em que a política, a mídia e o Congresso se combinam para concentrar poder e, portanto, propriedade e renda?
Os Marinho se desfizeram de suas alianças regionais com José Sarney no Maranhão ou Fernando Collor de Mello, em Alagoas, ambos retransmissores dos sinais da TV Globo? Ou continuam sendo as principais fontes de sustentação política e econômica desses oligarcas?
Outro dia, lendo a resenha de um livro recém-lançado sobre Lula, me diverti com a descrição que o principal ideólogo da Globo fez do presidente brasileiro:
É a versão “cordial” de Lula, que promove “harmonia” entre “pobres e ricos”, nessa sociedade sem classes em que os Marinho, obviamente, estão por cima.
Eles agora se reinventam como fiadores dessa “harmonia social”, numa sociedade em que negros politizados são “baderneiros”, em que não há racismo, em que antes de reivindicar os miseráveis devem “se educar”, frequentando os museus da Fundação Roberto Marinho (financiados com dinheiro público), assistindo ao Telecurso e, para os católicos, celebrando a vida com Marcelo Rossi. Qualquer alternativa que não passe pelo bolso dos Marinho não é recomendável.
Nesse admirável mundo novo não só as classes sociais foram abolidas. Não existe imperialismo. A solução é simples: deixamos os Estados Unidos “nos ajudarem com o pré-sal” em troca deles nos armarem. Deixa eu ver se eu entendi o que querem os Marinho: os gringos ficam com parte do pré-sal e ainda nos vendem as armas para defender o pré-sal doado a eles!!! Até um americano se envergonharia de tamanha bajulação...
Ah, e nesse mundo de “harmonia”, em que brasileiros e americanos “se ajudam”, é preciso amar a natureza e “preservar a Amazônia”. Para, quem sabe lá adiante, depois do pré-sal esgotado, convidar os americanos para “explorá-la conosco”, em troca de um segundo carregamento de armas para usar nas guerras contra a Bolívia, o Paraguai e a Igreja Universal.
E ai de você se quiser alterar esse estado de coisas. Será declarado uma “ameaça à democracia”. E, sem outra saída, em defesa da ordem e da civilização cristã, os Marinho serão praticamente forçados a dar outro golpe de estado. Quem mandou provocar?
Para se justificar, publicarão em O Globo:
PS: A direitona sabe muito bem o que quer em 2010: manter o controle de poucos sobre a terra, a mídia e o subsolo (pré-sal e minérios). A esquerda é que parece não saber quem é o adversário.
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